A regurgitação é comumente confundida com o vômito; porém, trata-se de processos diferentes. Por isso, é fundamental saber a diferença entre os dois para agir corretamente.
Uma das dúvidas mais comuns entre mamães de primeira viagem é saber quando seu pequeno está vomitando ou regurgitando. Normalmente, bebês de até 4 ou 5 meses de idade - principalmente aqueles que ainda estão na fase de aleitamento materno - têm regurgitação, algo completamente normal.
No entanto, muitas mães não sabem a diferença desse processo natural e confundem-no com vômito. Nesses casos, é preciso ficar atento se o bebê demonstrou algum incômodo ao colocar a comida ou o leite para fora, e notar se esse processo está acompanhado de algum outro sintoma.
O que é regurgitação?
Considerada uma ação natural e involuntária, a regurgitação fundamenta-se no ato de colocar para fora o que acabou de engolir, de forma natural e sem incômodos.
A regurgitação, popularmente conhecida como “golfada”, é muito frequente em bebês recém-nascidos, podendo ocorrer mais de uma vez por dia, especialmente após mamarem. Por isso, sempre mantenha o “paninho de boca” por perto!
Além disso, é preciso entender que a volta do leite é algo comum nos bebês. Cerca de 50% dos bebês costumam regurgitar em média três vezes por dia, e, na maioria das vezes, isso não é considerado uma doença, mas, sim, uma condição fisiológica que passa conforme seu sistema gastrointestinal se desenvolve.
Ainda que seja um processo involuntário, a regurgitação é uma consequência do refluxo gastroesofágico fisiológico. Quando ingerimos um alimento, ele entra pela boca, passa pela faringe, esôfago e, por fim, chega ao estômago.
Porém, entre o esôfago e o estômago, existe um músculo que funciona como uma espécie de válvula, chamado “esfíncter”, que libera ou não a entrada desse alimento no estômago.
Assim, o refluxo gastroesofágico acontece quando o esfíncter - que no bebê ainda não está bem formado - abre fora de hora, fazendo com que o conteúdo presente no estômago volte para o esôfago e, ocasionalmente, saia pela boca.
É um processo normal que causa poucos ou nenhum sintoma, por isso é chamado de fisiológico.
Na maioria dos casos, o refluxo em bebês não é prejudicial. Todas as pessoas, não só bebês recém-nascidos, como também crianças e adultos, apresentam um pouco de refluxo após algumas refeições, o que é considerado natural.
Porém, no caso dos bebês, é preciso ter uma atenção redobrada.
No vídeo “Aprenda a evitar o refluxo em bebês”, postado pelo Ministério da Saúde no Youtube, a médica pediatra Roselle Bulgarin ressalta, dentre outras dicas, a importância da posição do bebê no momento da amamentação.
Assim, recomenda-se que a mamada seja em posição fisiológica com a pega correta, ou seja, o rosto do bebê deve estar virado para a mama, com a boca o mais aberta possível, com os lábios virados para fora e o queixo encostando na mama.
Além disso, Bulgarin explica que colocar o bebê para arrotar por aproximadamente 30 minutos, na posição vertical, também é fundamental para evitar o refluxo.
Com o arroto, todas as partículas de ar que haviam sido engolidas com o leite são expelidas, reduzindo a pressão do estômago e evitando o refluxo.
Os cuidados para evitar refluxo não param por aí. Após a mamada, a médica não recomenda a troca de fraldas do bebê, pois, para isso, ele é colocado na posição horizontal, deitado.
Além disso, para limpar o bebê, levantam-se suas perninhas, o que provoca uma forte pressão no abdômen, ocasionando a regurgitação.
Na hora de dormir, mas ainda a respeito da posição, é preciso deixar a cabeceira do berço um pouco mais elevada, para que a cabecinha do bebê fique levemente mais alta em relação ao resto do corpo.
Essa dica também é valiosa na hora de evitar o refluxo. Após ajustar a posição da cabeceira do berço, é fundamental que o bebê durma de barriga para cima.
Doença do Refluxo Gastroesofágico, como identificar?
A regurgitação é uma consequência do refluxo gastroesofágico, considerado normal e involuntário, pois o esfíncter ainda não foi desenvolvido completamente.
Porém, existe a doença do refluxo gastroesofágico, caracterizada por apresentar sintomas incômodos ou complicações que vão além do refluxo comum. Entre elas estão: perda de peso ou ganho de peso insatisfatório, esofagite e problemas no trato respiratórios.
Para identificar a doença, o pediatra irá observar a frequência da regurgitação e/ou vômitos, assim como a quantidade de material regurgitado.
Além disso, o médico estuda o histórico clínico do paciente, resultados de exames e os sintomas apresentados.
Dessa forma, os pais também devem estar sempre atentos a mudanças de comportamento de seus filhos, assim como ao surgimento de novos sinais para dar ao pediatra um relato detalhado.
Diferenças entre regurgitação e vômito
Regurgitação ou vômito? Essa é uma dúvida que muitos pais de primeira viagem têm. A regurgitação é um processo involuntário, e pode ser evitada a partir de cuidados simples durante a amamentação e no momento de posicionar o bebê no berço.
Apesar disso, muitas mães ainda confundem a regurgitação com vômito, um sintoma que, até nos adultos, indica que tem algo de errado acontecendo no organismo.
O vômito consiste em uma eliminação desconfortável, involuntária e forçada de alimentos, geralmente causada por uma má digestão, ou por um distúrbio no estômago ou intestino, acompanhando-se de outros sintomas.
É completamente normal que o bebê vomite algumas vezes durante as primeiras semanas de vida, pois seu sistema digestivo ainda está em desenvolvimento e não se acostumou com a alimentação, nesse momento composta somente pelo leite materno ou fórmula em casos específicos.
Mas se o vômito persistir, é recomendado levá-lo ao pediatra.
Existem alguns fatores que indicam que está tudo bem, então observe se o bebê vai parar de vomitar dentro de 24 horas. Caso o bebê continue vomitando após 24 horas, procure um pediatra.
Quando o bebê continua mostrando disposição, com uma boa aparência e engordando normalmente, então não é nada que precise de cuidados médicos e provavelmente vai se curar sozinho.
Além disso, a atenção deve ser redobrada ao tratarmos de bebês intolerantes à lactose (quando o bebê não produz a quantidade suficiente de lactase ou não a produz).
Vale lembrar que pode demorar alguns dias para que a criança demonstre os sintomas, pois no início o leite materno é composto por colostro.Gases, diarreia e vômitos são alguns dos sintomas da intolerância à lactose.
Eles costumam estar relacionados à digestão, aparecendo conforme a quantidade de leite materno. Por isso, se os vômitos forem muito frequentes, levar ao pediatra é a melhor solução e, se o caso for suspeita de intolerância à lactose, o médico irá instruir os pais a fazerem, por exemplo, um teste e deixar os bebês sem leite por um tempo.
Se o bebê se alimenta apenas do leite da mãe, ela deve cortar os alimentos com lactose e fazer substituições.
Refluxo após a introdução alimentar
A introdução alimentar ocorre, normalmente, a partir dos 6 meses de vida do bebê e, a partir daí, ele passa a ingerir alimentos sólidos combinados ainda com o leite materno.
De acordo com as orientações de um nutricionista, ter um exemplo de cardápio para as crianças pode ser uma boa opção para balancear o tempo das refeições e os conteúdos que serão ingeridos.
Nesse momento, é importante considerar os passos para o bebê comer alimentos até então desconhecidos. Nessa fase de descobrimento de novos alimentos, sabores e gostos, é natural que ocorra uma leve regurgitação.
No blog do Pediatra, o Dr. Sylvio Renan explica que, nessa fase, a melhor opção para evitar refluxos é oferecer alimentos mais densos em nutrientes ao bebê. Além disso, caso o bebê já esteja preparado para a introdução alimentar, posicione-o na vertical para que ele coma bem e evite o refluxo.
O refluxo gastroesofágico é considerado patológico - ou seja, doença - quando os episódios de vômitos e regurgitações não melhoram depois dos seis meses de vida, mesmo com alterações na postura e dieta.
Nessa fase, a criança nem ganha, nem perde peso e produz uma esofagite (inflamação do esôfago).
Nesse caso, é comum que a criança apresente sintomas como dificuldade de engolir e de deglutir o alimento. Muitas delas também tossem enquanto mastigam, precisam da água para auxiliar a deglutição. Essa doença é frequente, principalmente, em crianças alérgicas ao leite de vaca.
Além disso, em casos de intolerantes à lactose, é comum que a intolerância só seja sentida pelo organismo do bebê aos 2 anos de idade, pois é nessa fase que a enzima lactase tem sua produção reduzida.
Se for realmente diagnosticado que a criança tem intolerância à lactose, algumas mudanças na alimentação deverão ser adotadas.
Assim, os pais devem ficar atentos aos sinais de regurgitação que o bebê ou a criança apresentam durante um determinado tempo. No caso dos recém-nascidos, é natural que regurgitem - ou seja, golfem - até os 4 ou 5 meses de vida sempre após as mamadas.
Portanto, não é preciso se preocupar, apenas tomar alguns cuidados no dia-a-dia do bebê.
Porém, se os pais perceberem que as regurgitações ocorrem acompanhadas de outros sintomas, como febre, dor e irritação, é provável que isso esteja relacionado com a Doença do Refluxo Gastroesofágico Infantil.
Por isso, é recomendado a ida ao pediatra, que irá avaliar o quadro clínico do bebê.