Mamilo invertido: o que é, qual a sua interferência na amamentação e como revertê-lo

Mamilo invertido: o que é, qual a sua interferência na amamentação e como revertê-lo

Mamilo invertido

Dentre os tipos de mamilos, encontra-se o mamilo invertido, que costuma gerar temor às mães quando o assunto é amamentação.

 

O mamilo invertido, conhecido também como mamilo retraído, é uma característica onde os mamilos são posicionados para dentro, podendo ser notado tanto em mulheres quanto em homens. Entretanto, o fato de eles não serem voltados para fora é considerado normal, principalmente se for uma condição de nascença, ou desde a puberdade, ou ainda se ocorre ao longo dos anos gradativamente.

O maior receio entre as mamães de primeira viagem, que possuem mamilo invertido, é em relação à amamentação, devido ao formato diferenciado da região. Entre 2% e 10% das mulheres que esperam seu primeiro bebê, encontram-se nessa condição.

Por isso, é muito importante esclarecer melhor o assunto como um todo para desmistificar algumas informações, compreender melhor do que se trata e conhecer algumas dicas para simplificar o processo de amamentação.

 

O mamilo invertido pode gerar complicações?

 

Conforme brevemente introduzido anteriormente, o mamilo invertido, como o próprio nome já diz, é uma inversão desse pequeno órgão para dentro da mama. Pode ser causado principalmente pela fraqueza nos ligamentos de sustentação da papila, isto é, uma má formação congênita. Neste caso, é considerado normal.

Porém, existem algumas situações e/ou condições que podem ter como resultado o mamilo invertido. Como, por exemplo, a mastite, que nada mais é que uma inflamação no tecido mamário; ectasia ductal (dilatação incomum de um ducto mamário); Abscesso sob a aréola. Outros processos inflamatórios provocados pelo tabagismo ou diabetes, por exemplo, e também complicações cirúrgicas podem favorecer a inversão do mamilo.

Além disso, existe a possibilidade da mais temida das causas interferir no aspecto do mamilo: o câncer de mama. É necessário entender, no entanto, que não se trata de uma característica hereditária. Ou seja, não é passada de pais para filhos.

Uma das grandes problemáticas em relação ao mamilo invertido, é que o acúmulo de secreções (fétidas ou não) se torna favorável, o que propicia frequentes infecções mamárias e a proliferação de germes. 

Existem três grupos que classificam essa condição com base no grau de inversão. São eles:

 

Grau I

Esse grau não traz nenhum tipo de problema na hora da amamentação. O mamilo não possui uma inversão muito acentuada e, por isso, com uma simples manobra é possível projetá-lo para fora durante algum tempo.

 

Grau II

Embora com a manipulação manual seja possível reverter o mamilo para a posição ideal, existe uma maior resistência e, rapidamente, ele retorna para dentro da mama. Neste caso, a amamentação se torna um pouco mais delicada.

 

Grau III

Ainda que sejam realizadas manobras e estimulação, o mamilo invertido não pode ser exteriorizado. Em alguns poucos casos, quando a mulher consegue fazê-lo com muito esforço, ele retorna à sua posição original imediatamente. Como esse grau é mais complexo, a amamentação passa a ser ainda mais difícil, uma vez que a condição pode estar ligada a um quadro fibrótico e de atrofia dos ductos mamários.

Mulher apalpando o mamilo

 

Entretanto, dentre as mulheres que se enquadram em casos de mamilo invertido, aproximadamente 96% delas apresentam os dois primeiros graus classificatórios, que são muito mais responsivos aos tratamentos e táticas disponíveis. O que significa que o grau III é tido como mais raro.

Alguns fatores estéticos e psicológicos podem afetar mulheres com mamilo invertido, levando a baixa autoestima. Apesar disso, o maior temor tende a ser relacionado à amamentação e as dúvidas ligadas a uma possível ineficiência em cumprir o ato. Isso torna o planejamento da gravidez ainda mais importante, para que a correção seja feita o mais breve possível.

 

Como identificar o mamilo invertido?

Algumas mulheres possuem mamilos extremamente pequenos, ou em alguns casos, planos. Então, surge a dúvida sobre ter ou não ter mamilo invertido. Em alguns momentos, o mamilo invertido sofre uma retração e se nivela a aréola (região circular mais escura ao redor do mamilo). Em outros, ele se afunda por completo no tecido da mama.

Para identificar de forma adequada a situação do mamilo, é preciso saber que o mamilo invertido possui o aspecto de "covinha" para dentro, em seu centro. Contudo, existe o "teste do besliscão", um método simples e interessante para averiguar se o seu mamilo é invertido. Para realizá-lo, basta utilizar os dedos polegar e indicador para pinçar o mamilo, apertando-o suavemente em ambos os lados da aréola.

Ao fazer o teste, você vai observar que ele se projeta para fora, contudo, se ele cria a "covinha" supracitada, baixando mais para dentro ou se retraindo, trata-se de um mamilo invertido.

 

Quando procurar um mastologista?

Ainda que seja considerada uma característica comum, o mamilo invertido deve ser investido a fundo para descartar a possibilidade de câncer de mama e outras complicações menos severas. 

O médico especializado em mastologia deverá realizar uma avaliação clínica, solicitar exames de imagens - como ressonância magnética, mamografia e ultrassonografia - para compreender as causas da retração.

Em relação à amamentação, existe uma grande chance de que a sucção do bebê puxe o mamilo para a posição ideal, mas em outros casos as mães precisam buscar outros métodos. Acompanhe alguns deles a seguir.

 

Manobras manuais

Existem algumas técnicas que podem ser realizadas diariamente para "acostumar" o mamilo invertido a sair de sua posição interna. Isso tornará o processo de amamentação muito mais simples.

A técnica de Hoffman, por exemplo, consiste em um movimento de pinça, com os dois polegares pressionando firmemente a base do mamilo em ambos os lados. Em seguida, solte por alguns segundos e repita o processo. Mas fica aqui o aviso: firmemente não significa usar força, se você apertar exageradamente a região poderá lesioná-la.

Via de regra, para quem se enquadra nos graus I e II, essa manobra faz com que a papila aponte para fora. Entretanto, o tempo estimado para que ela permaneça na posição correta é variável de organismo para organismo.

Outra forma de despontar o mamilo invertido, e torná-lo mais saliente, é aplicar um pouco de gelo na região. Contudo, essa técnica deve ser realizada de forma suave e o mais superficial possível, uma vez que o contato em excesso do gelo com a pele pode provocar a contração dos ductos mamários.

A bomba coletora Lillo auxilia as gestantes que possuem mamilo invertido

 

Bomba coletora

A bomba coletora de leite materno é um dispositivo a vácuo que, através de uma suave sucção, traz o mamilo para a posição correta. Com esse equipamento é possível extrair o leite, caso o bebê encontre maiores dificuldades para mamar.

Mas também existe uma versão chamada "corretor de mamilo", que ao invés de transferir o leite para um recipiente de armazenamento, estimula os ductos lactíferos a se esticarem ao longo do tempo. Sua recomendação de uso é ao longo da gravidez e em um curto período após o parto, para que o mamilo "acostume-se" a ficar exposto durante um tempo.

 

Conchas plásticas

Para quem possui mamilo invertido grau II, especialmente, as conchas plásticas podem ser utilizadas para ajudar a região a se projetar para fora. O objeto plástico em formato de disco conta com um orifício redondo ao centro, que devem ser encaixados sobre os mamilos.

Todavia, é preciso salientar que a pressão exercida pela concha pode provocar traumas no mamilo. Por isso, o tamanho e modelo devem ser compatíveis com os mamilos. O ideal é aplicar o item apenas alguns minutos e durante a amamentação, não se deve passar horas utilizando a concha ou dormir com ela.

Caso um dos mamilos ou os dois comecem a apresentar fissuras, é preferível que a mãe utilize uma concha com orifícios de ventilação, que favoreçam a circulação de ar.

Amamentação em mamilo invertido

 

Nutrição suplementar

Com o auxílio de um suplementador, é possível completar a nutrição do bebê. O dispositivo é composto por um recipiente de armazenamento (seringa ou copo) que serve tanto para uma forma suplementar infantil, quanto para o leite materno. O equipamento acompanha uma sonda que precisa ser fixada na mama da mãe. Esse método dispensa o uso de bicos artificiais.

O suplementador também é muito útil para a relactação, isto é, para ajudar a mãe a voltar a produzir leite após uma interrupção temporária. Essa técnica pode ser a melhor amiga das mulheres que enfrentam grandes dificuldades na hora de amamentar. A produção láctea é retomada devido ao estímulo das mamas por meio da sucção feita pela sonda do aparelho.

É importante lembrar que o uso desses mecanismos devem ser feitos de acordo com as orientações do mastologista ou do pediatra. Inclusive a suspensão do uso deve ser feita após a instrução médica, de forma gradativa e programada, uma vez que o corpo se acostuma ao estímulo e retirá-lo abruptamente pode provocar empedramento do leite materno.

O ideal é que o bebê seja alimentado de leite materno até os seis meses de vida, para que receba todos os nutrientes necessários para crescer forte e saudável. Por isso, desistir de amamentar e partir diretamente para a suplementação alimentar deve ser o último recurso. Teste posições de amamentação que facilitem a sucção e que sejam confortáveis, para ele e para você.

 

Cirurgia estética

Muitas pessoas que possuem mamilo invertido se incomodam com o aspecto dele, para além dos problemas com acúmulo de muco e de amamentação. Por isso recorrem a profissionais especializados para uma intervenção cirúrgica que altere a forma do mamilo, isto é, para deixá-lo na posição correta.

É importante saber que, nestes casos, os médicos que trabalham com correção de mamilo invertido visam preservar a sensibilidade local, além de evitar cicatrizes visíveis e manter o perfeito funcionamento dos ductos mamários.

 

Leia também: Ingurgitamento mamário: como resolver o problema?

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