O ingurgitamento pode atingir entre 15% e 50% das mães e causar desconforto na hora de amamentar.
A amamentação é um dos importantes processos após o parto que têm grande papel na nutrição e crescimento saudável do bebê. Porém, assim como os outros processos essenciais, a amamentação pode apresentar alguns problemas, tanto para a mãe quanto para o bebê. O ingurgitamento é um deles.
Apesar do nome um tanto complicado, este problema é relativamente comum e pode atingir entre 15% e 50% das mães nesta etapa tão crucial. Por conta disso, dedicamos este post para falar tudo sobre o ingurgitamento mamário.
Venha conosco e evite ser surpreendida!
O que é o ingurgitamento?
O ingurgitamento (ou ingurgitamento mamário) é, na verdade, a produção e acúmulo patológicos e excessivos de leite nas mamas.
Assim, de tão cheios de leite, a região dos seios torna-se dolorida e densa. dificultando o momento da amamentação.
Cerca de 2 a 3 dias pós-parto, é comum que as mães tenham um tipo de ingurgitamento, conhecido como fisiológico. Porém, este é diferente do que o que estamos tratando nesse texto.
Quando e por que este problema ocorre
O ingurgitamento, como dito acima, ocorre por causa do excesso de produção de leite. Porém, como essa produção além do necessário acontece?
Após o nascimento do bebê, a placenta é retirada do corpo da mãe e, com isso, os níveis do hormônio de estrógeno costumam cair. Após isso, durante as primeiras 48h pós parto, o hormônio da prolactina passa por um pico de liberação.
Este hormônio será o responsável pela produção do leite materno e todos estes estímulos de queda e produção são feitos pelo cérebro da mãe, na região denominada hipófise.
Após estes estímulos, os lóbulos mamários - também conhecidos como ductos - começam a produzir e armazenar o leite da mãe dentro do peito.
O bebê então irá começar a sugar e, também através de impulsos neurológicos, os lóbulos ajudarão a empurrar o leite por meio de contrações dos ductos até as ampolas, que estão localizadas atrás das aréolas.
Após a amamentação ser feita, o peito volta a produzir mais leite por conta do hormônio da prolactina. Por isso, é importante que o peito seja esvaziado por completo, pois caso contrário, a ingurgitação pode ocorrer. Abaixo, explicamos como isso pode ocorrer:
A principal causa do ingurgitamento
Para que a amamentação seja feita de forma eficiente, os dutos e saídas de leite do seio devem estar desobstruídos. Assim, caso ocorra o ingurgitamento, essa saída do leite pode ser atrapalhada e até interrompida.
Em alguns casos, a utilização de sutiãs muito apertados também pode interromper os ductos na produção láctea. Porém, este não é o principal motivo.
O esvaziamento incorreto e/ou incompleto das mamas é a principal causa, pois, como dito acima, é importante que o peito da mãe seja esvaziado antes que a produção de leite volte a acontecer.
Isso porque o acúmulo de leite nas mamas faz com que o leite empedre e, consequentemente, comece a doer.
Assim, mesmo que a criança não esvazie toda a mama, é importante que a mãe esvazie o peito e armazene o leite que foi produzido.
Essa sucção pode ser feita de diferentes formas; a mais comum é utilizando bombas de leite, elétricas ou manuais, e armazenando este leite na geladeira.
Como utilizar uma bomba de extração de leite
Em alguns casos, o bebê não realiza uma sucção muito eficiente do leite. Isso pode ocorrer por alguns motivos, como o encaixe de sua boca no seio ou a posição em que o bebê é colocado para se alimentar.
Assim, para facilitar esse processo, as bombas de extração ajudam as mamães neste processo.
Com as bombas extratoras Lillo, por exemplo, a mãe consegue retirar o leite de um peito enquanto o bebê está sendo amamentado no outro.
No mercado, existem dois tipos de bomba: as manuais e as elétricas. Nas manuais, a mãe coloca o funil da bomba na mama e aperta seu gatilho, estimulando a sucção do leite. Ela também pode ajudar os estímulos com as mãos, apertando de leve a mama.
Já com a bomba elétrica, a praticidade está presente pois a mãe não precisa de estímulos manuais, apenas selecionar a intensidade da sucção e o processo é feito totalmente pela bomba.
Ao terminar a ordenha, a mãe separa o leite em um pote com lacre e pode armazená-lo na geladeira por até 12 horas e no freezer por até 15 dias. Se deixar em tempo ambiente, o leite deve ser consumido em até 4 horas.
Outros problemas menos comuns também podem causar o ingurgitamento mamário, como a hiperlactação e, em menores casos, a cirurgia de mamoplastia de aumento.
Hiperlactação
A hiperlactação é uma causa muito parecida e também se trata do excesso de leite produzido nas mamas. Porém, sua causa está ligada ao hormônio da prolactina. Mulheres com hiperlactação tendem a sofrer com vazamentos de pequenos e grandes jatos de leite.
Este problema pode surgir tanto por conta dos hormônios e da genética familiar quanto por conta do manejo incorreto da amamentação. Assim, o peito também não será esvaziado por completo e começará a vazar.
Neste caso, o excesso de leite antigo também pode causar ingurgitação e empedrar o leite dentro da mama.
Os sintomas mais frequentes
Quando a mãe está com algum problema - neste caso, os seios ingurgitados - é comum que alguns sintomas se apresentem no corpo.
Um dos mais comuns desses sintomas é quando os mamilos estão doloridos e/ou fissurados. As mastites também costumam aparecer.
Neste segundo caso, a inflamação das glândulas ocorre. Porém, é necessário ter uma maior atenção já que essa inflamação pode vir a se tornar uma infecção bacteriana.
Outro problema que pode vir a se formar são os abscessos que, assim como as mastites, precisam de uma atenção maior por se tratar de bactérias, precisando ser tratado com maior urgência.
O seio pode também se mostrar irritado, com mamas avermelhadas, com edemas e brilhantes. Além disso, a mãe pode apresentar febre e mal estar e a aparência dos mamilos também pode ficar mais achatada e tensa.
Após o ingurgitamento dos seios e o empedramento do leite, a redução de suprimento deste leite também pode ser um sintoma a aparecer.
Como este problema afeta a amamentação?
O ingurgitamento também pode afetar os bebês e eles são grandes ajudantes a identificar sintomas deste problema.
O desmame precoce é um dos sintomas mais comuns. Isso porque, se a produção de leite está empedrada, ele não realizará completamente o caminho dos ductos até a aréola.
Assim, a quantidade ideal de leite não será levada até a boca do bebê e ele tomará apenas o leite disponível, cuja quantidade pode ser bem menor que o necessário.
Além da possibilidade de desencadear problemas de nutrição, o corpo do recém nascido entenderá que ele está pronto para largar o leite do peito e, como consequência, gerar o desmame precoce.
Os mamilos também podem afetar a amamentação pois, caso estejam achatados ou tensos, podem atrapalhar a fazer a pega de maneira adequada ou dificultar a saída de leite. O formato do mamilo também pode dificultar a amamentação.
Como evitar o ingurgitamento?
Você já está cansada de saber, porém, prevenir é sempre melhor do que remediar e isso também vale para a amamentação.
Tentar amamentar em posições diferentes, por exemplo, pode ajudar o bebê a se adaptar melhor à amamentação.
Massagear os seios e extrair um pouco de leite antes de amamentar pode ajudar a facilitar a saída de leite e amolecer o leite que está começando a empedrar. Se os cheios ainda estiverem cheios após amamentar, esvazie-os novamente.
Além disso, se o bebê não conseguir mamar, retire o leite e, se possível, substitua as mamadas por extrações, o amamentando com o leite armazenado.
Compressas frias são boas ajudantes quando há muito leite no peito, assim como sutiãs anatômicos, que ajudam a manter o seio na posição correta e estimulam a saída de leite correta.
Estou com ingurgitamento: e agora?
Os tratamentos para seios ingurgitados são, principalmente, para trazer conforto para a mãe e garantir a amamentação correta do bebê.
Entre os tratamentos não farmacêuticos, podemos citar as massagens e compressas frias como essenciais. As massagens auxiliam a fluir o leite dentro do peito e a ejetá-lo.
As compressas, principalmente após uma mamada e entre uma mamada e outra ajudam a aliviar a tensão e dores nos seios.
Outro método bastante utilizado é colocar folhas de repolho limpas dentro do sutiã que, segundo relatos e estudos científicos, reduzem inchaços e desconfortos dos seios.
Ordenhar as mamas, assim como as massagens, ajudam a amolecer e diminuir a tensão das aréolas, ajudando também a melhorar a pega do bebê.
Utilizar sutiãs em modelo top, mais confortáveis e de tecidos macios também ajudam a confortar a mãe e o peso das mamas.
Esvaziar sempre as mamas (utilizando ou não as bombas extratoras) e amamentar em livre demanda são dicas super importantes para nutrir o bebê. As mamadas não precisam ser limitadas!
Por outro lado, quando há a necessidade de tratamentos médicos, o profissional irá receitar o uso de anti-inflamatórios e antibióticos para aliviar a inflamação das mamas e maiores problemas, como as mastites.