Com o crescente uso das novas tecnologias, as crianças estão cada vez mais expostas ao contato com tablets, computadores e smartphones na sua rotina. Muitos pais permitem que os pequenos usem esses aparelhos eletrônicos, como um escape para acalmá-los e entretê-los até que possam pegar no sono. Mas você já parou para pensar em quanto essa exposição à luz intensa antes de dormir pode afetar a saúde do sono e da rotina dos pequenos?
Um estudo recente divulgado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, mostrou que à exposição à luz intensa antes de dormir impacta muito mais o sono das crianças do que dos adultos. Na pesquisa realizada com crianças entre três e cinco anos de idade, elas foram expostas à luz branca emitida pelos aparelhos por uma hora antes de dormirem, mostrando que a produção de melatonina, conhecida como hormônio do sono, foi praticamente preenchida pela luz elétrica brilhante. Os novos dados foram comparados também com estudos anteriores realizado em 2015, onde revelava que em crianças de nove anos, a secreção de melatonina era reduzida em 37% por conta da luz –, o que era menos impactante na adolescência.
Segundo a médica pediatra e pneumologista infantil Marina Yuri Teramae, parte dessa exposição se dá pela falta de informação dos pais sobre o assunto, já que a sensibilidade da criança à luz é muito maior do que a do adulto. “A luz é a reguladora do relógio biológico e crianças pequenas são mais sensíveis à luz do que os adultos e adolescentes. É por isso que são mais suscetíveis à desregulação do sono. Hoje em dia muitos pais usam desenhos, jogos e apps nos celulares e tablets para acalmar a criança na hora de dormir. Porém, poucos sabem que isso atrapalha a qualidade do sono e ao longo dos dias o pequeno vai se tornando irritado, agitado e choroso”, explica ela.
Mas até onde essa exposição à luz intensa antes de dormir pode prejudicar a saúde das crianças e bebês? De acordo com a pediatra, a luz emitida pelos eletrônicos pode afetar não só o sono das crianças, como também causa um impacto a longo prazo tanto na infância, quanto na vida adulta, podendo levar a inúmeros prejuízos, como a obesidade. “Dormir menos do que é necessário ou fazer um sono não reparador pode prejudicar o desenvolvimento, o crescimento, o humor e a imunidade. É durante o sono que ocorre a liberação de vários hormônios que permitirão que o corpo se mantenha em bom funcionamento. Crianças que dormem bem costumam ter melhor rendimento escolar, ter menos infecções e menor risco de obesidade,” afirma a médica.
Recomendações dos especialistas
Você deve estar se perguntando: como evitar deixar os pequenos suscetíveis a isso, já que essa luz branca emitida está tão presente em nosso dia a dia? De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e as recomendações da pediatra Marina Teramae, é recomendado evitar expor as crianças menores de 2 anos às telas digitais e que não se ultrapassem o período de 1 hora por dia para crianças entre 2 a 5 anos.
Confira mais algumas dicas abaixo:
· Após às 17h horas, evitar que os pequenos usem aparelhos eletrônicos, como TV, tablet, celular, etc;
· Criar uma rotina de sono para a criança, com horário estabelecido para ir para a cama, sendo preferencialmente cedo;
· Reduzir as luzes do ambiente e acostumar a criança a dormir no escuro;
· Ler uma história, contar uma lembrança, cantar uma música... Criar um momento calmo e aconchegante para induzir bons sonhos.