Com a chegada do bebê, os hormônios da mamãe, que estavam a todo vapor durante a gravidez, passam por novas transformações. O resultado desta mudança é uma alteração no humor da mamãe e, quase sempre, uma tristeza sem explicação. Enquanto todos estão felizes à sua volta, a mamãe não se sente bem e fica ainda mais triste por não entender o motivo. É a famosa fase do baby blues, que costuma durar pouco tempo, em média, de 15 a 20 dias após o nascimento do bebê. Não tem jeito, é fisiológico! Portanto, a família precisa ficar por dentro do assunto para minimizar a situação.
Para o baby blues, a compreensão e o apoio da família neste momento são essenciais. É preciso que todos estejam cientes de que o sentimento de tristeza não é uma escolha da mamãe, pois trata-se de um comportamento involuntário. Com o tempo, os hormônios se adaptam à nova fase do corpo da mulher, que volta a ser como era antes da gravidez, e a tristeza vai embora. O problema é quando a tristeza vem acompanhada de outras reações mais intensas. Neste caso, a situação da mamãe pode se tratar de uma depressão pós-parto (DPP).
Embora os sintomas se assemelhem, os quadros são bem diferentes. É importante ressaltar que, diferentemente do baby blues, a depressão pós-parto não tem ligação com as alterações hormonais. Isso significa que embora a doença tenha sido desencadeada após o parto, não tem relação com a gravidez ou com o nascimento do bebê. Existem casos em que a doença começa a se manifestar durante a gestação, e não somente após dar à luz. A depressão pós-parto está ligada a fatores emocionais e pode acontecer até mesmo quando tudo parece estar relativamente bem. Os principais sintomas são: estado deprimido, tristeza, angústia, perda ou excesso de apetite, insônia, irritabilidade, fadiga, falta de prazer e sentimento de culpa. No início, o obstetra identifica os primeiros sinais da depressão nas consultas de pré-natal e encaminha a mamãe para um psicólogo ou psiquiatra. O acompanhamento médico é essencial para a mamãe se recuperar da depressão. Além disso, a mamãe precisa do apoio do papai e de toda a família para superar a depressão pós-parto. É preciso que todos tenham paciência, inclusive a mamãe, para que esta fase ruim seja passageira.
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acompanharam 23.894 mães voluntárias e concluíram que 26,3% delas tiveram depressão pós-parto (DPP). De acordo com a pesquisa, aquelas que apresentaram histórico de depressão antes mesmo da gravidez se mostraram mais propensas a desenvolver a DPP. O estudo concluiu também que outros fatores contribuem para a depressão pós-parto, como gravidez não planejada, consumo de bebidas alcoólicas, descoberta de doença congênita e falta de apoio durante a gestação e parto.