Recentemente, a Organização Mundial de Saúde fez um alerta sobre o crescimento de casos de microcefalia em regiões com a presença do zika vírus, como em Pernambuco. Verificou-se uma forte presença de má formação do cérebro dos bebês recém-nascidos em regiões com a presença do zika vírus.
O zika vírus é um vírus proveniente da Uganda, isolado na floresta de Zika há mais de 50 anos. Entre os principais transmissores está o mosquito aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue e da chikungunya.
Microcefalia é uma condição neurológica em que a circunferência da cabeça da criança é significativamente menor que a circunferência da cabeça de outras crianças. Usualmente é resultado de um desenvolvimento cerebral prejudicado intraútero.
A microcefalia pode ser causada por uma variedade de fatores genéticos e/ou ambientais. Crianças com microcefalia frequentemente apresentam atraso do desenvolvimento. Geralmente não há tratamento, porém, a intervenção precoce com terapia de suporte, como terapia ocupacional e fonoaudiologia, pode aumentar o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida.
O principal sinal de que uma criança tem microcefalia é uma medida da circunferência da cabeça significativamente menor que de outras crianças da mesma idade e sexo. Para esse diagnóstico, são utilizadas curvas de crescimento calculado em percentis.
Causas
A microcefalia usualmente é o resultado do desenvolvimento anormal do cérebro, que pode ocorrer intraútero (congênito) ou durante a infância.
A microcefalia pode ser genética ou decorrente de fatores ambientais. Entre as causas, podemos citar:
Craniossinostose:ocorre devido à fusão prematura das suturas cranianas que formam o crânio, impedindo o crescimento do cérebro. O tratamento é baseado em cirurgia para manter um espaço adequado entre essas suturas.
Alterações cromossômicas: Síndrome de Down e outras condições podem cursar com microcefalia.
Anoxia cerebral (redução da oferta de oxigênio aocérebro do bebê intraútero): algumas complicações da gestação ou do parto podem prejudicar a oferta de oxigênio ao cérebro fetal.
Infecção no feto durante a gestação: toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, varicela e zika vírus são alguns exemplos.
Exposição intraútero a drogas, álcool e alguns produtos químicos: pode aumentar o risco de anormalidadescerebrais.
Desnutrição grave durante a gestação pode afetar o desenvolvimento do bebê.
Dependendo da gravidade da causa que provocou a microcefalia, algumas complicações podem ocorrer:
Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Dificuldade de coordenação.
Baixa estatura e alterações faciais.
Retardo mental.
Convulsão.
O diagnóstico de microcefalia é simples, realizado pela medida da circunferência da cabeça do bebê e comparada com a média de crianças para a mesma idade e sexo, utilizando gráficos apropriados. A medida da cabeça dos pais também deve ser realizada. Em alguns casos, principalmente se o desenvolvimento está atrasado, exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética de crânio, associados a alguns exames de sangue, podem ser úteis para ajudar a determinar a causa de base do atraso.
Com exceção da cirurgia para craniossinostose, geralmente não há tratamento para reversão da microcefalia. O foco do tratamento está no manejo das complicações da criança. Programas de intervenção precoce nessas crianças devem incluir terapia ocupacional, fisioterapia motora e fonoterapia.
Algumas medicações podem ser necessárias nos casos de hiperatividade e convulsão.
Ter uma criança com microcefalia pode gerar dúvidas em relação a futuras gestações. Se a causa for genética, a recomendação é procurar um geneticista para a realização de aconselhamento genético.
Fonte: Dra. Vanessa Radonsky
CRM 108111 – Pediatria e Endocrinologia Pediátrica.