A maternidade depois dos 40 anos tem crescido no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informam que o número de mulheres que engravidaram com idade entre 40 e 44 anos aumentou em média 17,6% nos últimos 10 anos. Apesar disso, as chances de engravidar naturalmente depois dos 40 anos, ou seja, de ter uma gravidez espontânea, como acontece com a maioria das mulheres mais jovens, diminuem consideravelmente. Isso porque, com o avanço da idade, os óvulos envelhecem e se tornam mais difíceis de serem fertilizados. Ainda assim, é possível ter uma gestação saudável nessa faixa etária. Para isso, é indispensável que a mulher que deseja ser mãe depois dos 40 esteja preparada para se dedicar aos desafios da gravidez tardia.
A escolha pela maternidade após os 40 está cada vez mais comum. Os fatores que atualmente influenciam a tomada de decisão acerca do momento mais oportuno para a mulher tornar-se mãe estão relacionados a diversos fatores, como estabilidade financeira, maior atenção à carreira profissional, maior acesso à universidade nos últimos anos, objetivos pessoais, como viagens e intercâmbios, e o avanço de novas técnicas de concepção assistida, como: Inseminação Artificial, Indução da Ovulação, Fertilização in Vitro, entre outras.
Principais riscos
De acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, o ideal é que a mulher engravide até os 30 anos de idade, pois a fertilidade está mais preservada e há menos chances de problemas na gestação. “A partir dos 35 anos de idade, as complicações relacionadas à saúde da mulher e do bebê são mais evidentes. Uma mulher que engravida aos 40 anos de idade tem uma gestação considerada de alto risco. Ela está mais propensa a desenvolver doenças, como hipertensão arterial e diabetes gestacional. Mas, quando identificadas precocemente, as patologias podem ser controladas. Nessa faixa etária, o risco de aborto espontâneo e trabalho de parto prematuro aumenta. Além disso, por causa das alterações genéticas, a má formação do bebê e as síndromes são mais possíveis, como a Síndrome de Down”, esclarece o especialista.
Planejando a gravidez aos 40
Antes mesmo de tentar engravidar aos 40 anos, a mulher precisa se preparar para o momento. Para ter uma gestação mais tranquila, um check-up antes da concepção é indispensável, mesmo que aparentemente tudo esteja bem. Por meio de exames, é possível ficar por dentro da condição de saúde e cuidar-se melhor para a gravidez. Depois da decisão, por um período de pelo menos três meses antes das tentativas do casal, os cuidados com a saúde são extremamente importantes. “É preciso, inclusive, estar com as vacinas em dia. Para ter mais certeza de que a gravidez por método natural é possível, o parceiro também pode buscar saber se está tudo bem com ele, principalmente em relação à fertilidade”, acrescenta Domingos.
Pré-natal
O pré-natal de uma mulher com 40 anos é diferente do de outras gestações consideradas normais, como as de mulheres na faixa de 20 a 30 anos. Por se tratar de uma gravidez de alto risco, a gestante deve ser acompanhada ainda mais de perto pelo ginecologista obstetra. As consultas acontecem em uma periodicidade menor. Isso significa que os exames também são feitos com mais frequência. Assim, é possível tratar complicações de saúde que podem surgir.
Domingos Mantelli afirma que “Uma mulher com 40 anos ou mais precisa estar preparada emocionalmente para enfrentar os possíveis problemas durante a gestação. Outra dica para uma gravidez tardia é manter um estilo de vida saudável, longe de vícios, como tabagismo e bebidas alcoólicas. A prática de exercícios físicos indicados para a fase também contribui para uma melhor saúde da futura mamãe, que deve ainda procurar manter uma rotina tranquila, sem estresse”.
Por conta das alterações hormonais que ocorrem na gravidez, é preciso monitorar e avaliar como estão os nutrientes necessários para seguir com uma gestação saudável aos 40 anos de idade. “O polivitamínico tem a função de suprir a gestante com todas as principais vitaminas indispensáveis na gravidez, e deve ser tomado até o período pós-parto (puerpério), sob orientação médica. Já o ácido fólico (metifolato) pode começar a ser tomado de 60 a 90 dias antes da gravidez e também durante a gestação. A ingestão de ácido fólico contribui para o desenvolvimento do cérebro do bebê. O ideal é procurar o especialista para saber a melhor forma de tomar esses suplementos”, aconselha Mantelli.
Parto
Algumas mamães mais maduras enfrentam a dúvida se vão ou não conseguir suportar o trabalho de parto. Dependendo do grau de complicação da gestação, a cesariana é mais indicada para a gestante tardia. “Com o tempo, a mulher perde a capacidade de dilatação do útero em função da menor produção de substâncias que dão elasticidade aos tecidos. A cesariana também pode ser indicada para as mulheres que correm o risco de ter hemorragias”, finaliza o especialista.
Domingos Mantelli é ginecologista e obstetra. (CRM-SP 107997)