Com o envelhecimento dos óvulos, o feto corre risco de alterações genéticas
Em busca de autonomia financeira e reconhecimento profissional, muitas mulheres têm adiado o sonho da maternidade para após os 35 anos. No entanto, as chances de concepção de forma natural nessa faixa etária são menores do que quando a mulher está na idade fértil, que inicia por volta dos 12 ou 14 anos.
O motivo deste declínio da fertilidade feminina é que cada mulher nasce com um número predeterminado de óvulos, cerca de 1 a 2 milhões, mas apenas 500 amadurecem e são capazes de ser fecundados até a puberdade. “Quando não fecundados, estes óvulos são mensalmente expelidos durante o ciclo menstrual”, explica o ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio-Libanês e Diretor na Clínica Gera.
Embora o período fértil feminino termine por volta dos 45 ou 50 anos, quando a mulher chega ao auge dos 30 anos a reserva de óvulos terá diminuído significativamente e continuará reduzindo. “Uma mulher na faixa de 35 anos terá utilizado 90% da reserva de óvulos. Após os 40 anos, a reserva diminui ainda mais, podendo chegar a apenas 3%”, informa Ueno.
Por este motivo, é fundamental consultar um especialista em reprodução humana para avaliar a produção hormonal e os órgãos reprodutivos femininos: ovários, útero e trompas. “Um exame conhecido é o teste que mede o hormônio folículo-estimulante (FSH) e a dosagem do hormônio antimulleriano (AMH) para indicar se ocorreu uma diminuição da produção de óvulos, sendo que este último é o mais moderno”, indica o especialista.
Outro recurso é a ultrassonografia pélvica, que serve para acompanhar a quantidade de folículos que são estimulados a se desenvolverem em cada ovário. “Nenhum dos exames citados determina os anos férteis que a mulher tem, pois eles servem para mostrar um panorama a respeito da fertilidade dela”, acrescentou o ginecologista.
Como o envelhecimento dos óvulos é algo natural, vale ressaltar que é preciso pensar nos riscos de alterações genéticas no feto. “Alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down, são mais comuns em crianças nascidas de mulheres mais velhas. Além disso, mulheres acima dos 40 sofrem mais riscos de abortos espontâneos”, alerta o ginecologista.
Outro fator que deve ser preponderado é no caso de mulheres portadoras de doenças crônicas como pressão alta e diabetes. “Nestes casos, os cuidados devem ser redobrados antes de tentar uma gravidez, pois é fundamental que essas doenças estejam bem controladas”, alerta o Dr. Joji Ueno.
Sobre o médico
Ginecologista Joji Ueno (CRM 48.486), Doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio-Libanês e Diretor na Clínica Gera.