Durante a gestação, a vida dentro do útero da mamãe é muito confortável para o bebê. Para o filho, além da sensação de segurança, a barriguinha da mamãe é quentinha e aconchegante. Quando a criança nasce, a realidade “do lado de fora” é bem diferente. O recém-nascido pode sentir frio, se assustar com barulhos altos, chorar para se comunicar e ter muitas outras sensações e reações que antes do nascimento não existiam. Para amenizar o impacto das mudanças, a chamada exterogestação utiliza técnicas diversas que lembram a vida do bebê no ventre, para que a transição – da fase intrauterina para o mundo externo – seja mais tranquila para o recém-nascido e, consequentemente, para os papais.
A pediatra Márcia Yamamura esclarece que quando o bebê nasce, o cérebro e o sistema nervoso não estão completamente desenvolvidos. “Esperar essa evolução traria complicações para o parto, por conta do tamanho da cabeça do bebê, que vai crescendo. O tempo ‘extra’ fora da barriga da mamãe pode funcionar como uma tentativa de continuidade da gestação, para completar esse amadurecimento. A exterogestação, ou seja, a ‘gestação fora do útero’, dura três meses após o nascimento do bebê, que é quando ele já está neurologicamente mais maduro”, explica.
A seguir, confira dicas práticas de como aproximar o bebê do ambiente intrauterino nos primeiros três meses de vida:
Charutinho/Pacotinho/Rolinho
O recém-nascido prefere se sentir mais aconchegado, já que na barriga da mamãe o espaço era bem limitado. Para isso, envolva-o em um tecido macio, de maneira menos solta que o comum, como se fosse um verdadeiro casulo. O passo a passo é simples e lembra um embrulho de presente: coloque o corpo do bebê (do pescoço para baixo) por cima do pano já esticado; cubra o corpo com o lado direito; suba a ponta do tecido que sobrou no meio (para embrulhar os pezinhos); e termine cobrindo o bebê com o lado esquerdo (para fechar o “pacote”). Pronto!
De lado
A posição lateral, conhecida também como posição fetal, geralmente com bracinhos e perninhas encolhidos, ajuda a deixar o bebê mais calmo, pois lembra a vida na barriga da mamãe. No útero, essa posição permitia ao bebê se mexer e até dar cambalhotas. Para que o corpo fique na lateral, a mamãe precisa posicioná-lo com cuidado, segurar a cabeça com uma das mãos e parte das costas e bumbum com a outra. Sozinho, o recém-nascido consegue lateralizar apenas a cabeça, o que ajuda a transmitir mais conforto durante uma soneca, por exemplo.
Ssshhh
O “ssshhh, ssshhh”, som feito com a boca, é muito agradável para o recém-nascido, porque no útero ele escutava diversos ruídos, como os das batidas do coração e da respiração da mamãe. Há estudos sobre o som ouvido pelos bebês nessa fase, que já resultaram, inclusive, em uma “cópia” do som do útero que pode ser facilmente encontrada na internet. Outros sons que também lembram os da vida intrauterina são o do secador de cabelos e do aspirador de pó. Apesar das opções, sempre que quiser acalmar o bebê, a escolha mais simples e prática é o “ssshhh, ssshhh…”.
Ofurô
O banho de imersão, conhecido popularmente como “ofurô”, lembra o tempo em que o bebê esteve no líquido amniótico da barriga da mamãe. No banho de ofurô, o segredo está na banheira especialmente criada para essa técnica, que lembra um balde. Mas, atenção, para a segurança do recém-nascido, utilize só a verdadeira! Para acalmar e relaxar o filho, o banho terapêutico pode ser um pouquinho mais longo que o do dia a dia, aquele que é feito apenas para higienizar o bebê. Para saber mais detalhes sobre o assunto, acesse o Portal Lillo.
No colinho
O sling (ou canguru) é um acessório que ajuda a manter o bebê bem próximo da mamãe, o que lembra a confortável vida no útero materno. Além disso, os carregadores de bebê facilitam o dia a dia dos papais, pois as mãos ficam mais livres. O aumento do vínculo afetivo entre mãe e bebê, pai e bebê e família e bebê é um dos principais benefícios do uso do sling ou canguru. O contato próximo também ajuda a diminuir o choro e possíveis dores, como cólicas, e auxilia ainda na estabilidade térmica, ou seja, o filho fica aquecido na medida certa.
Fonte: Márcia Yamamura é pediatra, especialista em acupuntura e diretora do Centro de Pesquisa e Estudo da Medicina Chinesa - Center AO.